Amor inventado

Foto: Olga Babych

Às vezes a vida está um marasmo sem fim. Nada acontece. Nenhuma novidade a compartilhar com amigos. E aí a boa e velha imaginação toma conta de nossos corações. Escolhemos alguém para amar. Alguns diriam que paixão não se escolhe. A danada é assim. Ou chega arrebatadora, e mal percebemos as loucuras que somos capazes, ou é daquela que, baseados numa antiga sensação que vivemos, escolhemos passar novamente. A vítima geralmente é alguém por quem jamais nos encantaríamos. Escolhemos a dedo. Paixão escolhida é aquela que sabemos que seremos retribuídos. Não gastaríamos uma puta energia no lance para sofrer dor de cotovelo. E aí começa a caça ao tesouro. As qualidades da vítima. Tudo é uma graça. Qualquer bobagem vira momento de paixão. Mas, tudo tem seu fim. O destino das paixões escolhidas é o fim não escolhido. O famoso fora. Afinal o escolhido percebe a encenação. Mesmo com o fim do carnaval, a quarta-feira de cinzas vela o amor mal nascido. Um pouquinho de chororô faz parte do ato final da epopeia. Dois dias depois continua a vida, serelepe e saltitante. Como se nada tivesse acontecido. Simplesmente porque nada aconteceu.

Esse post foi publicado em Uncategorized. Bookmark o link permanente.

Deixe um comentário